Com a era da globalização e da
comunicação acelerada, criou-se quase imperceptivelmente um novo estilo de
vida. Aquele em que homens e mulheres, em sua maioria, saem para trabalhar cedo
e voltam cansados no fim da tarde, cansados de garantir o sustento de seu
consumo exagerado.
Estamos em um período em que as
pessoas não se preocupam apenas em sustentar a família e garantir a educação de
seus filhos, elas se preocupam também, e algumas até mais, em ter dinheiro para
possuir mais bens materiais. O sucesso profissional deixou de estar fortemente
ligado a realizações pessoais e passou a ser fundamental para o ter.
O século XXI é momento em que o ser se equivale ao que se possui. Uma pessoa não é mais feia ou bonita, rica ou pobre, simpática ou chata, ela é, sim, Nike ou Adidas, Microsoft ou Apple, Ibiza ou Passarela, Marisa ou Zara. E se os valores de caráter e personalidade já estão sendo sobrepostos por produtos e conteúdo de postagens em redes sociais, o que dirá a questão espiritual na vida nos indivíduos. A espiritualidade é a essência das crenças, é o que caracteriza, pelo menos em partes, a conduta de um ser pensante. É a sua capacidade ou necessidade de crer em algo além do físico e visível.
Entretanto, essa capacidade de acreditar
em imateriais está se perdendo ao passo em que a população se torna cada vez
mais prática, deixando ao mundo, às culturas e à história a sensação de
desencantamento. Porque não existe beleza em precisar comprar uma mercadoria
para se sentir bem consigo mesmo.
Ademais, a falta de encanto na
vida da população do século da tecnologia já se reflete nos polêmicos problemas
de saúde que passaram a se tornar cada vez mais freqüentes na população, como
depressão e o câncer, isso sem contar os problemas ambientais que se apresentam
cada vez mais catastróficos.
Diante disso, vale a pena se
pensar em reencantar a vida, em mudar os hábitos nocivos e em voltar a crer em
valores que não são visíveis, em poderes que ultrapassam o racional. Talvez a
resposta seja, como disseram alguns personagens de Raphael Draccon, em Dragões
de Éter, fechar os olhos e sonhar.
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