O natal de 2013

O que é o natal neste ano de 2013?

A resposta mais fácil é dinheiro. Cada vez mais todas as coisas se tornam uma oportunidade para o estímulo ao consumo desenfreado. O natal não escapou disso. Para o comércio, ele nada mais é do que oportunidade de fazer boas vendas. Antes mesmo do mês de dezembro chegar, os jornais já reservam pautas e pautas com previsões e estimativa de como o consumidor irá se comportar no ano em questão. A publicidade, por sua vez, garante que comerciais e campanhas sensibilizem as pessoas e as façam pensar que amar e ser feliz é dar um bom presente, fazer uma boa comida e beber Coca-cola.

 Isso não é novidade. Vivemos em um mundo capitalista e globalizado.

No entanto, será que além da oportunidade de fazer dinheiro, ainda sobrou o que se chama "espírito natalino"? Isso vai de pessoa para pessoa. O que vejo cada vez menos são decorações de natal e o famoso blá blá blá sobre o nascimento de Jesus.

Para ser sincera, quando criança, o natal para mim significava três coisas: ver minhas primas, comer e ganhar presentes. Anos mais tarde, na pré-adolescência, quando fiz catequese, isso não mudou. Sabia que era o dia do nascimento de Jesus, porém, o mais importante era que aquele era o único aniversário alheio que quem ganhava presente era eu. E como a meia noite demorava a chegar!

Apesar disso, sempre senti uma espécie de frenesi no ar nessa época. Como se todas as pessoas, por mais supérfluas e individualistas que fossem, esperassem por algo em comum, algo bom. Sempre me pareceu que ninguém sabe exatamente o que está esperando, mas há algo programado em cada um para sentir esperança. Para amar sem medo. Para acreditar que o mundo não é apenas aquela miserável rotina de acordar, estudar, trabalhar, ter filhos, vê-los crescer e morrer. É como se todos juntos e silenciosamente acreditassem que existe algo especial na existência uns dos outros.

Pode ser que eu tenha apenas sido muito afetada pelos filmes de Hollywood. Pode ser que eu esteja certa em captar esse tipo de energia em algumas pessoas. De fato, o natal não significa a mesma coisa para todos. Hoje mesmo duas testemunhas de Jeová bateram na minha porta para pregarem a palavra de Deus. Eu ouvi com atenção e educação, agradeci e disse: "Feliz Natal!" e então pedi desculpas porque elas não comemoram o natal como minha família católica. 

- Não precisa se preocupar, querida. Eu mesma comemorei o natal muitas vezes - confessou uma delas.

Não que eu seja católica, abandonei completamente minhas tentativas de aguentar um padre me pedindo para ajoelhar e pedir piedade. Contudo, nunca deixei de acreditar no natal e no frenesi assustador que ele causa nas pessoas. 

A realidade é que o mundo é consumista, fútil, individualista e grosseiro. Porém, ainda há nele pessoas que não tem vergonha de se importar com datas construídas para fazer com que elas se sintam bem. Construídas para elevar os valores morais e deixá-las sensíveis a ponto de querer agradar o próximo com presentes ou chocolate. Há pessoas que só querem um pretexto para expressar seus sentimentos.

Pode ser até mesmo que o natal tenha sido criado pelos romanos para estimular o consumo, como disseram as testemunhas de Jeová hoje, no entanto, não me importo nenhum pouco de ter caído nessa armadilha política-econômica. Porque apesar disso as pessoas conseguiram criar algo bom ao redor desta data. Elas a usaram como uma oportunidade de despertar o melhor que há em umas nas outras. E não há vergonha nenhuma em se deixar levar.

O natal de 2013 parece ter reunido um número maior de pessoas descrentes e com um pé atrás devido a supervalorização da data no sentido econômico e desvalorização no sentido religioso e espiritual. Há quem queira comemorar o nascimento de Jesus. Há quem rejeite qualquer coisa religiosa. Há quem esteja magoado com a sociedade. Há quem não está nem aí e só quer aproveitar o feriado para fazer comidas diferentes, reunir a família e agradar a quem ama.

Você pertence a algum desses grupos?