domingo, 17 de março de 2013

Crescer

Seus cabelos voavam à musica do vento e entrelaçavam-se com a coragem invejada por qualquer ser humano. Sua respiração embaçava o vidro gelado do trem. Não conseguia dormir, pois a cada fechada de olhos era transportada para um pretérito confuso.

Abraçou sua mochila desgastada, pensando em tudo o que carregava: lembranças de uma vida solitária, lembranças de uma vida a dois, a sensação de um beijo preguiçoso, de um abraço terno e de um corpo quente junto ao seu contra o vento frio. Levava consigo todas as tristezas, alegrias, surpresas, decepções, medo e amor. 

Não havia esquecido de embrulhar, com todo o cuidado do mundo, todos os seus sentimentos feridos. Sabia que precisava curá-los e era por isso que seguia a toda velocidade rumo a uma jornada que só se faz sozinho. 

Abriu a mochila e olhou com carinho para o seu passado, pela primeira vez, feliz pelo grande espaço que sobrara para os novos momentos. Não levava rancor, mágoas ou dúvidas. Toda essa tralha iria ficar pesada para carregar em sua longa busca por si mesma. 

Não sabia ao certo quanto tempo demoraria para se encontrar. Mas estava munida de coragem e paciência. E, embora desacompanhada, sabia que jamais estaria só, pois era zelada por duas dúzias de pessoas especiais que lhe indicariam o caminho. 

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